segunda-feira, 2 de abril de 2012

Viagem para o Frey, norte da patagônia Argentina

      A viagem que fizemos para o Cerro Catedral não é a melhor viagem para pegar de exemplo, já que trocamos a rota no meio do caminho e acabamos viajando 2100km a mais e sem planejamento. Mas ao mesmo tempo é ótima de exemplo para aqueles que pensam que sair do pais para escalar é um bixo de sete cabeças, não apenas para escalar, Bariloche é uma cidade linda, perfeita para passar uns dias em boa companhia.
      Saímos de carro de Içara, sul de Santa Catarina, eu, Bruno e Tony, no final de tarde de sexta feira dia 27 de janeiro. Todo o planejamento foi para irmos até o setor Los Gigantes em Córdoba, mas o destino mudou toda nossa rota. Chegando em Uruguaiana junto com o sol que estava nascendo, fomos atrás da carta verde, uma tipo de seguro obrigatório para os carros circularem na Argentina. Depois de muito corre corre achamos quem faz o seguro que custou 94 reais autorizando 3 meses de circulação na Argentina. O local onde conseguimos foi na avenida principal da cidade, logo depois da rodoviária próximo ao prédio da polícia civil, uma agência de advocacia. Trocamos o dinheiro com cambistas na rodoviária de Uruguaiana, pagamos 38 centavos por peso. Próximo passo, passar a ponte e entrar na Argentina. Chegando na aduana passamos com o carro sem problema algum, logo a frente se estaciona o carro e passa pela imigração para conseguir a autorização de 3 meses na Argentina. O 1º documento exigido é a carteira de identidade civil ou passaporte, foi ai que nossa viagem mudou tudo. O Tony por ser militar não tem RG civil desde os 16 anos, tem apenas o RG militar, na qual não é aceito na Argentina. Conversa vai conversa vem e nada, não conseguimos continuar a viagem. Voltamos para Uruguaiana para decidir o que fazer. Depois de muita conversa eu e o Bruno decidimos continuar a viagem, mas resolvemos trocar toda a rota, já que de lá em diante seria de onibus, porque não ir pra Patagônia se acabar nas perfeitas fendas do Frey? Não seria possível se não fosse o apoio do Tony e ainda por emprestar sua grana que estava reservado para a viagem. Saímos de Uruguaiana com passagem comprada de ida e volta até Buenos Aires, compramos com o cartão Nacional, já que tínhamos apenas 1.400 reais, um pouco mais de 3.000 pesos, para os dois. Depois de umas 10 horas de viagem chegamos em Buenos Aires, muito calor, e em menos de 1 hora estávamos no ônibus novamente saindo em direção a Bariloche, nesse período comemos na rodoviária por falta de tempo, mas pagamos em torno de 50 pesos por um bife, batata frita, vários pães e molho, e 20 pesos por 997ml de cerveja . De Içara a Uruguaiana leva em torno de 14 horas, de Uruguaiana a Buenos Aires 10 horas e de Buenos Aires a Bariloche 23 horas. Nos dois primeiros trajetos o ônibus vai parando para comer, já de Buenos Aires a Bariloche é puro luxo, servem todas as refeições com uma comida muito boa, café para beber a vontade e o melhor, tomamos 2 garrafas de vinho, uma dose de wisky e uma taça de champanhe durante e após a janta, mas isso é questão de simpatia, nada melhor do que fazer uma boa amizade com o motorista kkkkkkkkkk, fomos dormir meio torto. Fomos com a empresa Cruzero del Sur.
           Chegamos em Bariloche com chuva e um frio daqueles, fazia 3 dias que chovia na região. Em conversa com locais diziam que no dia seguinte o tempo abriria. A idéia do começo era ir direto para o Frey pra economizar, mas com chuva tivemos que mudar os planos. Paramos para comer um bife de churisso com batata, pão e um café pra baixar o rango por 50 pesos cada um. Fomos para o clube andino pegar algumas informações e comprar o guia do Frey, 50 pesos. Passamos no centro de informações turisticas, fizemos o cadastro para ir ao Frey, não obrigatório, e logo depois procuramos um hostel, são muitos pela cidade, todos em torno de 60 a 70 pesos por pessoa com café da manhã e internet. Em Bariloche existem dezenas de lojas de montanha, saímos igual uma criança num parque de diversões, entramos em todas eu acho.
Fizemos uma compra de rango, o suficiente para 4 dias em 2 pessoas, pagamos 198 pesos.
No dia seguinte, como falaram os locais, o dia amanheceu com o céu azul, um frio de rachar e muito vento, pegamos o ônibus até o Cerro Catedral pelo valor de 8 pesos, são 40min do centro até o início da trilha.
      Chegando no centro de informações turisticas, que fica bem próximo a última parada do ônibus, a trilha vai para esquerda, não tem erro, toda sinalizada e estruturada até o refúgio Frey. Na semana que ficamos por lá tinha uma empresa trabalhando nas trilhas, trocando as travessias de rio de madeira por aluminio. Essa trilha é longa, estávamos muito pesados e levamos 4:30hs pra chegar no refúgio Frey. No caminho passa pelo refúgio Pedritas que fica a uma hora do Frey.
Ao lado do refúgio Frey existem dezenas de locais protegidos por barreiras de pedras contra o vento, para colocar barracas. O refúgio disponibiliza banheiro gratúito, mas não tem banho, e os serviços dentro do refúgio como o café da manhã, pizza, bolachas caseiras, cerveja caseira, um bom vinho e a cozinha para ultilizar, porém é cobrado o uso. Os valores dos produtos variam entre 10 e 70 pesos, a estadia com café da manhã custa 120 pesos.
        A escalada. Chegou a melhor hora. O setor é dividido em 4 vales, o vale onde está o refúgio e a laguna toncek, o vale onde está a laguna school, o vale onde esta a agulha Campanille sloveno e outras, e o vale onde estão as agulhas La Vieja, La tápia, e outras. Ao lado do refúgio a 5min. de caminhada chega se na base da 1ª agulha, agulha Frey com vias de até 100m, mas não se enganem, apenas essa agulha é próxima do refúgio Frey, o restante são de 30min a 2hs de caminhada como a Campanille. As vias variam entre 4º e 8º brasileiro, mas cuidado, no guia a graduação é francesa. Os tamanhos variam entre 15m e 200m. A grande maioria das vias são expostas, pelo menos nas que entramos, até vou contar uma história interessante. Estávamos na base da agulha Principal procurando a via Clemenzo quando chegou 3 argentinos, pergunto pra eles onde fica a Clemenzo e se a via era muito exposta, essa foi a resposta, "via muito linda, o Clemenzo morreu nela, tem uma placa na base em homenagem". Essa via o que tem de interessante tem de complicada, nem sei se escalamos ela pra dizer a verdade pois achamos apenas uma parada entre as 4 que existem.
       No 1º dia de escalada sofremos por causa do frio, a mão congelava, mas nos outros dias foi mais tranquilo, porém a temperatura varia muito por lá, onde é protegido do vento é quente, onde o vento bate o frio é de rachar, uma dica que eu dou é tomar cuidado pra não fazer as aproximações muito agazalhado, porque é de certeza que vai suar, ai quando esfria o suor se torna teu maior inimigo. Mesmo em dias quentes não esqueça de um bom anorak, o tempo pode virar a qualquer hora. Sempre escolha vias com a linha mais óbvia, ou te prepara pro que pegar pela frente, fizemos movimentos de 6° em enfiadas que o lance mais difícil era 4º, acho que abrimos uma variante, kkkkkkkkkkkkkkk. Algumas linhas proteger pouco é a única opção, ou não vais conseguir escalar devido ao arrasto.
        Essa viagem foi feita sem um mínimo de planejamento antecipado, bem estudada podem gastar ainda menos de transporte, gastamos em torno de R$700,00 por pessoa para o transporte, o restante dos custos básicos estão acima, o total eu acho que chegou a R$1200,00.

Um comentário:

  1. Muito massa!!! Altas empreitada prazerosa!

    Em Fevereiro to de férias, podemos marcar uma... de 02/07 a 16/07/2012 tbm tenho 15 dias, porem tem que ser pelo Brasa!

    Irado!

    Abração!
    Nando.

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