O setor pra mim era novidade, tinha tarado muito, mas de longe. Ai depois que vi as fotos a estiga bateu, e foi com razão, a parede é impressionante, muitas vias de fendas, fortes, curtas, longas, naquele estilo serrano onde se pega de tudo em uma via, livre, negativo, artificial, trepa mato...
Fomos direto pra uma via já iniciada, se preparamos, e a chuva chegou, a base que não molhou no find anterior que o Gé foi, dessa vez foi diferente, a chuva vinha de outra direção e acabou molhando a base, mas a parede não. Resolvemos ir 10m ao lado e entrar em um diedro. Toquei uns 20m pra cima, fendinha de dedo, micros, diedro, escalada estilo chaminé, tudo tranquilo, mas a coisa complicou, ficou negativo e úmido, e cara do arenito não era das melhores. Resolvi desescalar os 20m e abandonar a linha, já que outras coisa melhores pra abrir.
Resolvemos entrar novamente na linha que era nosso objetivo, pois a chuva já tinha parado. O Gé entrou na via, tocou o trecho que já tinha escalado, até onde tinha fenda, e pediu os clifs, iniciou uma sequencia de passagem em clifs por uns 5m vertical e levemente negativo, chegou no objetivo, a fenda, mas tivemos uma surpresa. A fenda estava fechada por uma raiz, não tinha como progredir por ela. O Gé resolveu descer e passar a bola pra mim depois que começou uma trovoadas. Pensei, a chuva, que está vindo novamente, deve ser passageira. Ascendi pela corda fixa, em uma arvorezinha, me preparei pra continuar a via, na sequência um estouro e um clarão daqueles, olhei pra trás e vi que o bixo estava pegando, estava caindo o mundo. conseguia ver uns 5km canion adentro, e chuva estava vindo numa velocidade impressionante. Mas meu medo não é água e sim os raios. Pensei, mas um raio desses que deu agora eu vazo daqui, não deu nem nega, bem na minha reta, do outro lado do canion, cai outro raio, e o pior, a chuva percorreu os 5km em menos de 2min. já estava sobre a gente, começou um vento forte, olhei pra baixo e o Gé já tinha sumido. em menos de um minuto eu fixei a renitida montei o rapel e toquei pra baixo. Cheguei na base com uma chuva muito forte e caindo muito granizo, estralando no capacete. Em minutos já tínhamos limpado toda a base, e se jogamos pra um local seguro e seco, mas já molhados.
Rapidinho a tempestade serrana, mais parecida com patagônica, passou, voltei a jumariar e continuar o trabalho. Toquei uns 4m, e consegui, enfim, ver a continuação da linha. Cheguei a conclusão que não valeria a pena pois chegaria em uma outra linha que seria toda em livre. Resolvi descer e bater uma parada no final da fenda, deixando uma via curtinha, mas muito interessante, fenda estilo indian-creeck, perfeita.
No domingo entramos em mais uma linha, toquei 30m pra cima, parei num platô, não tinha fazer uma parada e não queria bater uma parada sem decidir com o Gé qual seria o caminho a seguir, pois tinha duas possibilidades. Mas como não tinha onde montar uma parada, tive que fazer segurança de corpo para o Gé sentado no platô.O setor está localizado dentro do Blue Canion, que fica do lado esquerdo de quem sobe na Serra do Rio do Rastro. Do 1º mirante da serra, que fica do lado esquerdo, dá pra ver perfeitamente. O setor está localizado em terreno particular e o acesso também é por terrenos particulares. O local será um transformado em um corredor ecológico, então, comporte-se quando nestes locais. É necessário autorização para passar pelos terrenos. Procurar um dos irmãos Giodani, proprietários de quase todo o canion.
Apoio: Conquista montanhismo e Alto Estilo.
